Durante a festa de reveillon da qual participamos, eu e o Fábio, me vi observando o prato principal, uma farta paella de frutos do mar, e pensando: como são diferentes nossos hábitos alimentares dos franceses. Para nós, brasileiros, mesa de qualidade é mesa farta, com comida acima do que pode ser consumida, para “não faltar” em hipótese alguma. Já os franceses prezam pela qualidade do alimento em si e do sabor, em especial. Eles comem de tudo, mas em pequenas porções, artisticamente dispostas nos pratos, para serem comidas primeiramente “com os olhos”.
Não é à toa que a orelha do livro “Ducasse de A a Z – Um dicionário amoroso da cozinha francesa”, escrito por um dos cozinheiros franceses mais conhecidos e bem-sucedidos da França , Alain Ducasse, explica que “mais do que listar ingredientes e descrever o modo de preparo dos pratos, ele optou por revelar a alma dos alimentos”. Olhem que coisa linda! A “alma” dos alimentos…
E continua: “Sim, porque os temperos, as verduras, as frutas e os animais têm uma história, uma personalidade, que muitas vezes precisa ser domada para que dele se possa obter o máximo de sabor”.
A gastronomia na França é tida como arte. A mistura de ingredientes, de sabores, de cores, é poesia. Para eles a quantidade não importa, mas sim o prazer da degustação do que é saboroso e belo ao mesmo tempo. Não dá para encerrar uma refeição com o estômago dilatado de tanto comer. Não dá para desperdiçar alimentos, pois eles são muito especiais para os franceses. E por isso eles, apesar de terem na gastronomia seu principal prazer, mesmo assim não são obesos como os americanos…
Algo a se refletir!
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